quinta-feira, julho 28, 2005
UM "SITE" IMPRESCINDÍVEL
A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos disponiblizou online uma boa parte do seu espólio de imagens em movimento. Deste espólio constam filmes dos bons velhos tempos do Expressionismo Alemão, tais como o "Gabinete do Dr. Caligari", "Nosferatu", e o fabuloso "Der Golem" de Paul Wegener. No entanto, também por lá pululam muitos filmes de Série B, hoje autênticas relíquias da História do Cinema, nomeadamente de autores como Ed Wood e Roger Corman. Mas há mais, muito mais: Fritz Lang, Griffith, George Romero, Chaplin, Buster Keaton, etc etc. Se tiver "happy hours" aproveite e deixe o computador a fazer o download. Esta é a América de que todos nós gostamos...
P.S: uma pequena sugestão: sendo este site quase infinito, pois além de ficção contém milhares livros e documentários prontos a serem descarregados, quem estiver interessado meramente nos filmes deverá optar por uma das secções do sítio que dá pelo nome de"Feature Films" . Quem foi que disse que Deus não existe?
HTTP://WWW.ARCHIVE.ORG
P.S: uma pequena sugestão: sendo este site quase infinito, pois além de ficção contém milhares livros e documentários prontos a serem descarregados, quem estiver interessado meramente nos filmes deverá optar por uma das secções do sítio que dá pelo nome de"Feature Films" . Quem foi que disse que Deus não existe?
HTTP://WWW.ARCHIVE.ORG
DAVID WOJNAROWICZ
"Water" de David Wojnarowicz
http://www.queer-arts.org/archive/9902/wojnarowicz/wojnarowicz.html
http://www.queer-arts.org/archive/9902/wojnarowicz/wojnarowicz.html
terça-feira, julho 26, 2005
O ANDRÓGINO (6º Versão)
Assim lagarto antigo de braços
claros nos teus dedos calo
os caminhos do deserto com clarões
cheios de cabelos dedos grandes
caçadores brancos
o teu abraço de bicho é o mais escuro
rasto de animais em núpcias?
de mãos atadas aos mistérios
mais altos o teu corpo já não são escamas
cegas a todo o sol desertor
de qualquer modo
lagarto de seios caçadores
sem ruído sem armas
sem nada
os teus dedos vão degolando
a caça como uma luz que pela folhagem
floresceu ao gosto de um sol
escuro seio língua escura
clara vagina de súbita germinação
claros nos teus dedos calo
os caminhos do deserto com clarões
cheios de cabelos dedos grandes
caçadores brancos
o teu abraço de bicho é o mais escuro
rasto de animais em núpcias?
de mãos atadas aos mistérios
mais altos o teu corpo já não são escamas
cegas a todo o sol desertor
de qualquer modo
lagarto de seios caçadores
sem ruído sem armas
sem nada
os teus dedos vão degolando
a caça como uma luz que pela folhagem
floresceu ao gosto de um sol
escuro seio língua escura
clara vagina de súbita germinação
sábado, julho 23, 2005
segunda-feira, julho 18, 2005
OS LOBOS (10º Versão)
De olhos bem vivos
leves tão brancos os teus
seios baías flautas de bichos em voz baixa
lagoas de ursa maior dias cheios
de música onde
te debruças no fundo do mundo?
o teu corpo aberto
já só vive em dança escura quando
ao sol rasgo os teus braços quase à-toa
corpo em palco diurno quando
à noite não te ouço dançarina
de voz dócil à boca de cena quando
entre os olhos
e o teu demónio se unem
línguas de música a cisternas
estuarios que encharcaram
o teu luar amoroso
mas um súbito silêncio
explodiu entre os teus dedos
de sangue quando
de olhos bem vivos
lobos ágeis de precisão
te sussurraram a tua solidão
na espessura do mundo
leves tão brancos os teus
seios baías flautas de bichos em voz baixa
lagoas de ursa maior dias cheios
de música onde
te debruças no fundo do mundo?
o teu corpo aberto
já só vive em dança escura quando
ao sol rasgo os teus braços quase à-toa
corpo em palco diurno quando
à noite não te ouço dançarina
de voz dócil à boca de cena quando
entre os olhos
e o teu demónio se unem
línguas de música a cisternas
estuarios que encharcaram
o teu luar amoroso
mas um súbito silêncio
explodiu entre os teus dedos
de sangue quando
de olhos bem vivos
lobos ágeis de precisão
te sussurraram a tua solidão
na espessura do mundo
quinta-feira, julho 14, 2005
GIORGIO DE CHIRICO
"As Musas inquietantes" de Giorgio de Chirico.
http://www.artchive.com/artchive/D/de_chiricobio.html
http://www.artchive.com/artchive/D/de_chiricobio.html
quarta-feira, julho 13, 2005
NOCTURNO VENEZIANO (7º versão)
Barcos de luas em palácios
circulam estilhaçam uma cidade
de espelhos toda sonolência toda
em luz animal máscara abelha
de água pela sombra até
muito longe até aos olhos quantos
actores feitos de ar viste nos seus canais?
o azul de um pátio escuro grita alumia
os seus espelhos ondulados
dá-me as tuas mãos desenhadas a lápis
esta cidade
dá-me um mundo inteiro que a oriente
me acolha
circulam estilhaçam uma cidade
de espelhos toda sonolência toda
em luz animal máscara abelha
de água pela sombra até
muito longe até aos olhos quantos
actores feitos de ar viste nos seus canais?
o azul de um pátio escuro grita alumia
os seus espelhos ondulados
dá-me as tuas mãos desenhadas a lápis
esta cidade
dá-me um mundo inteiro que a oriente
me acolha
quarta-feira, julho 06, 2005
"A ARCA RUSSA", DE ALEXANDER SOKUROV (1º e única versão:))
"A Arca Russa" de Alexander Sokurov é, seguramente, uma das primeiras obras-primas do séc XXI. Filmado integralmente no Hermitage, em S. Petesburgo, constitui uma espécie de resposta, no plano estritamente técnico, ao primado da montagem instaurado por Eisenstein, também no primórdios do séc XX. Os ciclos dos séculos, ilusórios ou não, instituem sempre momentos de fundação ou de ruptura. Mas não é "apenas" o facto de este filme ser constituído por um longo plano-sequência que o torna especialmente interessante. O filme é, com efeito, muito mais do que isso: é uma viagem à História da Rússia, bem como uma reflexão onírica e fortemente metafórica sobre as relações desta com a Europa. Daí a contínua sensação de fria estranheza quente que nos deslumbra ao longo de todo a obra, porquanto a personagem principal--um marquês com ar de clown que representa a Europa--vive em permanente estado de viagem e surpresa perante a grandiosidade da alma russa. Não sei se, em Portugal, o filme já está editado em DVD, mas vale a pena procurá-lo, amá-lo, vê-lo e revê-lo e deixar-se deslumbrar por um exercício magistral de virtuosismo cinematográfico. Em Londres está à venda.
http://sokurov.spb.ru/island_en/mnp.html
http://sokurov.spb.ru/island_en/mnp.html
domingo, julho 03, 2005
JOSEPH BEUYS
"O Fim do Século XX" de Joseph Beuys. Morto que está o século mais desumano da História humana ("o tempo dos assassinos", segundo Rimbaud), é urgente criar o mundo. Por isso, há que ter esperança, pois o século que aí vem vai ser muito pior que o seu predecessor...
http://www.artchive.com/artchive/B/beuys.html#images
http://www.artchive.com/artchive/B/beuys.html#images
A CRIAÇÃO DO MUNDO (9º Versão)
Noite retina alta em dedos
circulares de pele em pele como um abutre
vermelho, íris que desde sempre abriu
a infância certeira aos olhos dos linces
dedos cativeiros centopeias de cegos
invisíveis dedos sem peso sem pensar
sem um gesto
de cadências feridas expostas ao segredo
cegueira a meia voz com as veias
de tudo quanto se agita neste sol
de ser abismo
apesar do círculo de morrer vivo;
infância litúrgica de estar fechada
entre corpos celestes entre dedos
--uma criança de olhos de lince tão leve
um quase nada em voz alta com as estrelas
circulares de pele em pele como um abutre
vermelho, íris que desde sempre abriu
a infância certeira aos olhos dos linces
dedos cativeiros centopeias de cegos
invisíveis dedos sem peso sem pensar
sem um gesto
de cadências feridas expostas ao segredo
cegueira a meia voz com as veias
de tudo quanto se agita neste sol
de ser abismo
apesar do círculo de morrer vivo;
infância litúrgica de estar fechada
entre corpos celestes entre dedos
--uma criança de olhos de lince tão leve
um quase nada em voz alta com as estrelas