quinta-feira, outubro 18, 2007

DEATH IS ALL METAPHORS

DEATH IS ALL METAPHORS
Dylan Thomas



Espelhos, astros, grutas, anjos e meteoros. Os insectos ameaçam como espelhos. Um braço de sol no mar abre o cristal dos mortos.

Como a luz nasce da luz, assim és tu. Vens das águas, desse longo azul do fundo ou do casulo que amarraste ao lastro da trepidação?

Os insectos ameaçam como meteoros. Só a tua mão, arte solar, sabe pintar o longo azul de tudo o que foi mas tardou.

De insecto em insecto vais caindo pelas águas por tudo— à meia-noite de certo cais de naus serás um arrais de cristal, um naufrágio maior já sem lastro, nem trepidação.

Espelhos, astros, grutas, anjos e meteoros. Tudo foi água que um dia peregrinou. Vamos passando de cais em cais ou de azul em azul?

E quando a barca dos mortos for mais de água que tu, cego mar, frio dilúvio, cego amor— quantos falarão às cinzas desta gruta oculta?




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