quarta-feira, julho 06, 2005

"A ARCA RUSSA", DE ALEXANDER SOKUROV (1º e única versão:))

"A Arca Russa" de Alexander Sokurov é, seguramente, uma das primeiras obras-primas do séc XXI. Filmado integralmente no Hermitage, em S. Petesburgo, constitui uma espécie de resposta, no plano estritamente técnico, ao primado da montagem instaurado por Eisenstein, também no primórdios do séc XX. Os ciclos dos séculos, ilusórios ou não, instituem sempre momentos de fundação ou de ruptura. Mas não é "apenas" o facto de este filme ser constituído por um longo plano-sequência que o torna especialmente interessante. O filme é, com efeito, muito mais do que isso: é uma viagem à História da Rússia, bem como uma reflexão onírica e fortemente metafórica sobre as relações desta com a Europa. Daí a contínua sensação de fria estranheza quente que nos deslumbra ao longo de todo a obra, porquanto a personagem principal--um marquês com ar de clown que representa a Europa--vive em permanente estado de viagem e surpresa perante a grandiosidade da alma russa. Não sei se, em Portugal, o filme já está editado em DVD, mas vale a pena procurá-lo, amá-lo, vê-lo e revê-lo e deixar-se deslumbrar por um exercício magistral de virtuosismo cinematográfico. Em Londres está à venda.


http://sokurov.spb.ru/island_en/mnp.html

8 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

O meu irmão tem esse filme em DVD! Infelizmente ainda não o vi muito bem!

1:29 da manhã  
Blogger Sérgio A. Correia disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

8:48 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Vi o filme no ano passado em Barcelona.
Gostei, apesar de o achar desconcertante.
Fiquei uma vontade imensa de me perder no Hermitage...
:)

5:04 da tarde  
Blogger Sérgio A. Correia disse...

Corpo Visível


O filme é, com efeito, bastante desconcertante, estranho e, por vezes, "alógico"--funciona por associações, como se de um grande improviso se tratasse. Mas o facto é que é tudo menos um grande improviso. Quanto a mim, são as personagens do filme (o componente teatral da obra) quem evitou o "descalabro". Na verdade, elas estão de tal modo delineadas e formatadas com identidades tão fortes que não seria por aí que a experiência poderia falhar. Por outro lado, a direcção dos actores é claramente stanislavskeana, o que confere à obra um rigor quase milimétrico que muito me apraz registar. Para finalizar, a sonoplastia, no sentido mais puramente teatral do mesmo, desempenha um papel tão importante que é quase uma personagem mais do que propriamente um "adereço", uma simples ilustração da estória. Este filme é, acima de tudo, um sonho e parece-me que só assim é que o poderemos usufruir e entender na sua plenitude visual e estética.

1:12 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

olá! posso entrar? tu convidaste-me no imprevisto.

11:16 da manhã  
Blogger Sérgio A. Correia disse...

Seja bem-vindo quem vier por bem!:)

3:20 da tarde  
Blogger ISABEL Mar disse...

Fiquei com uma enooorme vontade de ver esse filme. Obrigada pela sugestão. Isabel

12:24 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Caro Sergio
Penso que o blog esta sincronizado com a espirutalidade material da consciência cósmica (???) Com efeito, para dotar este espaço de diálogo com características criativas e inovadoras não basta empurrar o carro com força bruta. É necessário dotar-lhe de rodas. As rodas, neste caso, dão pelo nome de inteligência e imaginção e são movidas pelo talento. Diverte-te.
Cumprimentos
Rui Pereira de Freitas

4:15 da tarde  

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