O MISTÉRIO DAS FARMÁCIAS DE MÉRIDA
Leitor lusitano, é caso para dizer: há sempre uma farmácia desconhecida na Mérida que existe em ti. Calma, não estou a insultar ninguém. Abre os olhos, deambula pelas ruas estreitas e escuras da capital da antiga Lusitania e enche a barriga de montras de farmácias que povoam a zona velha da cidade.
Intrigado, inquiri um "lusitano" afável que apanhei na calle de Santa Eulália.
--Buenas tardes. Puedo harcerle una pregunta tonta?
--Hombre, por supuesto que si!
--Por que hay tantas farmacias en Mérida?
--Bueno, hombre, las hay porque son muy antiguas.
Assim elucidado, relembrei Eça, que tanta falta faz na caricatura dos tempos actuais. Eça escreveu algures que o passatempo favorito dos portugueses era estar doente. De repente, eis-me em puro êxtase: acabara de desvendar o mistério das doenças tugas. Não acreditam em mim? Pois então para que servem as farmácias senão para propagar doenças? Mas já lá vamos.
Como é sabido, Mérida tem património romano. Um templo a Diana, um teatro e um anfiteatro. Tudo bem preservado e bem vendido ao turista. Filmei tudo. Só não filmei o pretensiosmo espanhol de querer comparar Mérida a Pompeia e a Herculano. Uma parvoíce caracteristicamente castelhana.
(quiçá durante a noite os castelhanos se transformam em vampiros e vêm cá sugar-nos a energia e a autoestima que tanta falta nos fazem...)
A acreditar num mapa patente no museu da cidade, os americanos romanos investiram pouco em estradas no actual território português. Havia apenas três: uma desembocava em Olissipo; outra em Scallabis (Santarém) e outra em Bracara Augusta (Braga). Aos americanos da Antiguidade não faltava dinheiro, faltava isso sim um Marius Linus.
Bem, voltemos à apagada e vil doença dos tugas. Em Mérida, tal como em Madrid, respira-se liberdade. O caso é este: entra-se num café cheio de fumo e fuma-se; e quando não se quer levar com o fumo, vai-se ao café ao lado onde não se fuma e não se fuma. Simples, barato, lógico, romano, americano.
Nisto, como noutros assuntos mais importantes, os espanhóis não sofrem da doença tuga de acatar de ânimo leve todas as recomendações de Bruxelas. Em Espanha, pensa-se e adapta-se. Em Portugal, aplica-se com ortodoxia tudo o que vem de fora e agradece-se à Europa o facto de sempre termos sido europeus. Feitios. Por isso, leitor lusitano, é caso para dizer: Viva a antiga Lusitania! Mérida para a actual!
4 Comentários:
olá...:)
gostei... mas tenho sono e amanhã levanto-me cedo... volto depois para comentar com mais calma... beijinho... benvindo...
jocas e obrigado:)
Sérgio
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
:)Very nice!!!
Jokas da tua amiga...
Nice
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