terça-feira, junho 14, 2005

A CRIANÇA RIMBAUD (6º versão)

1
Uma criança de sal afoga-se nas águas do autor. Já não há quem
a salve. É um rosto intenso--intenso como um chifre como um flash como
um glaciar
um desertor tão sofrido como um deus glorioso


2
Uma criança de sal afoga-se nas águas do autor. Entre as letras levanta
uma pedra paterna. é uma trama de pó que, de noite, levita.
em segredo vai tecendo a sua face devastada


3
Já não há quem a salve. O corpo ainda morto pousado ascenderá
ao porão da escrita. Vagaroso nas vozes o filho já vivo, em visita.
Um desertor tão sofrido neste poema mudo.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Parece-me autobiográfico! I'm I right???

Pedro Sousa

7:34 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Se queres que te diga, Pedro, não tenho uma consciência muito ampla dos textos que escrevo. Para mim, cada texto é como um puzzle cujas "premissas" me imponho e resolvo o melhor que posso e sei. Tento, de certa forma, surpreender o acaso, capturá-lo, dominá-lo mas tendo sempre o cuidado de não permitir que ele morra às minhas mãos. Ponho-o a circular em mim.
Obrigado pelas tuas palavras e um abraço, amigo!
Sérgio

1:31 da tarde  

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